27 de jan. de 2010

Outra aplicação recente e diferente para o marcapasso...

HBDF faz procedimento inédito para tratar cefaleia

19/01/2010 - 09:19:14


Um procedimento inédito no país foi realizado na tarde da última sexta-feira, 15, pela equipe da Neurologia do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Trata-se da colocação de um marcapasso no cérebro de uma paciente que sofre de cefaleia em salva – um tipo raro de enfermidade que acomete mais os homens e provoca dores lancinantes na cabeça.

A implantação do marcapasso já é um procedimento utilizado para tratar o mal de Parkinson e algumas dores neuropáticas com sucesso há vários anos, mas é pouco usada para o tratamento da cefaleia em salva. Os casos tratados até agora apresentam índice de 80% de sucesso. A primeira cirurgia desse tipo no Brasil foi feita pela equipe chefiada pelo neurocirurgião Luiz Claudio Modesto Pereira, que está há 15 anos no HBDF.

A paciente que recebeu o marcapasso é uma dona de casa de 34 anos, moradora de Formosa, Goiás. O caso dela está entre os 5% que não respondem a nenhum tipo de tratamento, seja com medicamentos ou pequenas cirurgias como a cauterização do nervo trigêmeo e do esfenopalatino – ambos localizados na face. Esse tipo de cefaleia afeta um número reduzido de pessoas, uma a cada dois milhões de habitantes.

O marcapasso cerebral e o procedimento utilizado são semelhantes ao usado para os pacientes com o mal de Parkinson. “A principal diferença é quanto à região onde será colocado o dispositivo”, ressalta o médico. Segundo ele, o eletrodo deve ser instalado no hipotálamo – área responsável pelo sistema neurovegetativo, que comanda as funções involuntárias do corpo.

A cirurgia durou seis horas e a paciente reagiu bem ao procedimento. De acordo com o neurocirugião, ela deve permanecer internada alguns dias para ser submetida a um exame de ressonância magnética – que verificará se o eletrodo está fixado no local devido. O dispositivo só será ativado após uma semana de sua implantação. “Temos que aguardar alguns dias para o cérebro da paciente se recuperar, então ligamos o marcapasso e saberemos se a cirurgia deu certo”, informa Luiz Claudio.

A enxaqueca pode levar uma hora para atingir o pico da dor. Na cefaleia em salvas esse pico é atingido em cinco minutos. Os sintomas são típicos e inconfundíveis. É uma dor pulsátil, violenta, unilateral que se manifesta num dos olhos, na órbita ou no fundo do olho. Na região comprometida ocorre queda da pálpebra, congestão ocular, obstrução nasal, coriza e o olho fica vermelho e lacrimejante.

Tiros de canhão

A enxaqueca em salva surge aleatoriamente. É uma crise que vem e passa, embora possa reaparecer noutro momento. As crises vêm agrupadas e são diárias (de uma a oito por dia) durante um período que vai de dez dias a três meses. Esse agrupamento de crises desaparece de repente e pode demorar bastante para manifestar-se de novo o que acontece de uma hora para outra e sempre com as mesmas características de concentração. Daí a sua associação com as salvas de tiros de canhão que, em determinadas ocasiões, interrompe o silêncio, dá 21 tiros e silencia outra vez.

As primeiras cirurgias deste tipo começaram a ser feitas na Espanha e na Itália na década de 1990. Atualmente também é realizada em países como Estados Unidos e Canadá. Aliás, foi no Canadá que o médico do HBDF cursou especialização em Toronto e aprendeu a técnica.

Secretaria de Saúde

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